Léa Maria Steffen S. Fernandes


Nunca tinha entendido muito bem o sentido da expressão 'arte marcial'. Marcial, relativo a guerra, tudo bem. Mas arte? Onde está a arte em uma atividade em que o que se busca, o objetivo final, é derrotar, subjugar, e machucar até, ainda que seja por esporte? Onde está a arte em socar, chutar, derrubar, ser o mais forte? Não servia para mim.

Até que um dia subi as escadas do Tomodachi Dojo. Fui recebida pelo Sensei Rosemberg, com um sorriso. Assisti um treino. Não parecia certo aquilo, todos contentes, tranquilos, nenhuma forma de agressão ou violência. Movimentos suaves e firmes, uma dança harmônica. Dança? Como uma arte marcial pode ser tão bela como um ballet?

Comecei a treinar. E a surpresa que me causou foi ainda maior que aquela da primeira impressão. Algo que parecia fácil e simples mostrou-se complexo, cada movimento parecia impossível. Aprendi logo de início que tenho dois braços, duas pernas, e todos têm que funcionar juntos, em harmonia! O corpo que eu achava que conhecia tão bem tornou-se um desconhecido. Com essa dificuldade, nova surpresa: mulheres, homens, meninas e meninos, todos treinando juntos. Alunos graduados, experientes, treinando com iniciantes, como eu. Cada um no seu ritmo, na sua capacidade. Não há desprezo pelo iniciante, e não existe orgulho e arrogância por parte do graduado. O que eu vi, naquele meu primeiro treino, foi uma amizade, um respeito, uma paciência, uma disciplina, uma beleza que eu nunca poderia imaginar em uma escola de artes marciais!

Não posso dizer que o Aikido, em todos os dojos, seja assim. Mas posso dizer com certeza que no Tomodachi Dojo, é. E toda essa harmonia vem do Sensei Rosemberg, sempre presente, sempre atento, corrigindo, ensinando, orientando, com a calma, paciência e talento de um verdadeiro Mestre.

Hoje continuo aprendendo muito mais, muito além de coordenar os movimentos e técnicas. Aprendo a filosofia de que não é preciso derrotar e humilhar para vencer, de que tudo que você precisa é se defender, nunca atacar, e que o amor, em seu sentido mais amplo, sempre vence a violência.

Entendi o sentido de 'arte marcial'. O Aikido é a harmonia perfeita entre ambas as coisas. É marcial, é defesa contra agressão e violência, próprias da guerra. E é também arte. Justamente porque não existe violência e agressão. Existe harmonia, defesa e marcialidade sem violência. O Aikido consegue repelir a agressão com arte, e vencer a guerra pelo amor.

Todo esse aprendizado vai além dos treinos. Passa para sua vida cotidiana, na forma de agir, de viver, como respeitar os demais e a si mesmo.

Basta querer!

Eu quis.

Thiago R. Campagnol


Comecei a treinar Aikido porque gostaria de ficar mais perto da cultura japonesa. Com o Aikido aprendi que os únicos inimigos que temos que derrotar são nossos medos, vícios, fraquezas, maus-pensamentos... no meu caso, o medo de me machucar e ser machucado na aplicação de alguma técnica; o vício das outras artes marciais, como o kung fu e o kick-boxe onde se usa muita força e se você sabe uma técnica mais avançada, você vai querer guardar para surpreender seu adversário que, às vezes é um estudante do mesmo dojo; e no judô onde se você cair corretamente, você perde a luta por "Ippon".

Posso dizer com orgulho que achei uma arte marcial com o qual eu me identifico muito: não há competições; eu nunca gostei muito da idéia de ter como objetivo machucar a outra pessoa pra atingir um objetivo que nesse caso podemos dizer que o objetivo é uma medalha, troféu ou um status de "Campeão Mundial De-Não-Sei-O-Que" pois além dos hematomas ou ferimentos, que podem tirar essa pessoa das suas obrigações diárias por dias ou meses, o orgulho dessa pessoa derrotada é ferido também... aí é pior pois no caso ao invés de fazer um amigo, que poderia ajudar, dar dicas e treinar com você, cria-se uma inimizade. No Aikido não tem esse tipo de coisa: eu me sinto cercado de amigos que me ajudam no desenvolvimento das minhas técnicas (sendo o chamado "NAGUE", nome dado àquele que aplica a técnica) e eu retribuo ajudando-os da mesma maneira (sendo o "UKÊ", aquele que "empresta" o corpo e recebe a técnica). É exatamento como ouvi num documentário sobre Aikido: "O Aikido é os dois lados de uma mesma moeda e não duas moedas que vão uma contra a outra".

No Aikido, ao invés das competições, temos os Seminários, evento onde vários praticantes da arte se juntam durante um final de semana para treinarem as técnicas. Uma outra coisa bacana que difere o Aikido de outras artes é que não ficamos mais da metade do treino fazendo "educação fisica"; nós fazemos alongamentos e vamos treinar as quedas, técnicas, etc.... já em outras artes, você corre por vários minutos, faz polichinelos, variados tipos de flexões de braços, centenas de abdominais e quando vai para treinar as técnicas, o corpo está exausto e as técnicas não ficam muito boas.

Quando eu entrei no dojo, achei que todos usavam o Hakama... acho essa peça muito legal, pois faz parte das vestimentas dos Samurais e da tradição japonesa, mas aí descobri que apenas os faixas-pretas podem usá-lo. Então tracei como objetivo no Aikido de ter um Hakama!

Quero que o Sensei saiba que um outro objetivo meu é dar um apoio a ele no projeto de abrir o dojo todos os dias! Quero me graduar para dar aula! Então tenho que me empenhar bastante para depois pensar em lhe ajudar! Mas é cedo ainda... se o Sensei diz que ele engatinha no Aikido, eu ainda estou na parte da gestação eheheh!

Sayonara!

Wilson José de Paula


Iniciei o Aikido com o intuito de combater o Estresse e principalmente a insônia, o meu obejetivo foi alcançado. Porém, além deste imensurável benefício, encontrei no Tomodachi Dojo, amizade, harmonia, respeito, humildade que são sementes plantadas e cultivadas diariamente pelo sensei Rosemberg.

O Tomodachi Dojo é o local onde se comprova que é possível se realizar tarefas sérias e difíceis, porém com alegria e obtendo resultados surpreendentes.

Sempre acreditei que para ser líder e ter seguidores uma pessoa, além de princípios precisa ser admirado, é esse nosso sentimento pelo sensei Rosemberg.