Aikido: Minha Jornada Marcial
02/02/2007
A repetição é a mãe do aprendizado
13/02/2007

Desde os tempos antigos, um ditado do budô é: “Comece com etiqueta e conclua com etiqueta.” A etiqueta ensinada no Aikidô – respeito mútuo, consideração pelos outros, asseio – não é imposta aos alunos por doutrinação ou ameaças. É a consequência natural do aprender a sentar corretamente em seiza e do domínio dos fundamentos do suwari-waza. O corpo reto está relacionado com a retidão da mente. O ponto crucial da questão está no respeito para com o aluno, visto que o desejo de comportar-se de acordo com altos padrões de conduta deverá vir de sua própria iniciativa interna. A etiqueta é um aspecto importante para todos os alunos do Aikidô.

A postura sentada seiza, um costume formal e civilizado entre japoneses desde os tempos antigos, é a origem da etiqueta natural gravada na mente do povo. Apesar de que o costume de seiza está cada vez menos presente na vida diária, é minha convicção que suas raízes espirituais e éticas não desapareceram facilmente. E quando vejo crianças no dojô sentadas em seiza, com costas eretas e as mãos sobre os joelhos dobrados, sinto novamente que essa postura deve continuar a ter um lugar central no treino do Aikidô. É a fonte da etiqueta correta, é a base para muitas técnicas, e é essencial para um bom treinamento.

Depois de observar pessoalmente a prática do Aikidô entre as crianças e jovens, cheguei à conclusão que a decisão de manter as aulas para eles estava justificada. Ao mesmo tempo, sinto a responsabilidade de não negligenciar a transmissão a eles da essência moral e espiritual do Aikidô. Especialmente, é verdade, quando a delinquência juvenil está se tornando um problema mundial. A culpa desse problema não deve ser colocada apenas nos jovens, nós adultos também devemos nos responsabilizar.

Anteriormente, assinalei que algumas pessoas fazem um falso juízo do que seja o Aikidô. Agora devo observar que existem pessoas que interpretam mal o objetivo do Aikidô. Especialmente entre pais cujas crianças não são tão agressivas ou fortes quanto as outras, existe uma tendência a empurrá-las para o Aikidô como se fosse a solução para seu problema. Pensar que o Aikidô vai torná-las mais valentes e fortes é fazer injustiça tanto a elas quanto ao Aikidô. O Aikidô rejeita todas as formas de violência, justificada ou injustificada. De outro modo, não seríamos diferentes das formas de artes marciais em que brigar e ganhar são pontos de valor.

Com o risco de parecer repetitivo, eu quero dizer novamente que o Aikidô é um caminho espiritual, e o seu ideal é a realização da harmonia e do amor. Através da disciplina da mente e do corpo, especialmente da mente, leva ao aperfeiçoamento da personalidade e humanidade. O que ensinamos às crianças não é a força bruta, nem a violência, mas o cultiva do ki pelo treinamento do corpo e da mente, o que finalmente se constituirá em confiança, autoestima e um sentido de controle sobre as suas vidas.

Nós, assim, procuramos que crianças e pais compreendam claramente o propósito central de nossa arte. O instrutor deve também manter o propósito central de nossa arte em mente, e quando estiver ensinando às crianças, jamais pensar que elas são incapazes de captar os fundamentos do Aikidô. As crianças devem ser igualmente encaradas como indivíduos que procuram crescer no caminho do amor e da harmonia, assim como cada um de nós, independentemente da idade.

 

Fonte: O espirito do Aikido – Kishomaru Ueshiba

Rosemberg
Rosemberg
Sensei Rosemberg Sampaio Gândara Ferreira nasceu em 05 de dezembro de 1966 em Campinas-SP, é Tecnologo Têxtil formado pela FATEC, comerciante e terapeuta na área de shiatsu e reiki. Instrutor da Federação Brasileira de Aikido, é aluno do Sensei Severino Sales 6°Dan, e detentor do 4°Dan faixa-preta.
Shares